Monday 20 January 2020

O conhecimento da própria ignorância ou a ignorância do próprio conhecimento

E quando surge aquele nervosismo miúdo de quando achas que sabes que sabes, mas não sabes se é saber o suficiente?
Mas depois ponderas o quão bom é saber que não sabes, mas que talvez seja ainda melhor não saberes que sabes?

Acho que um dos descritíveis valores que o conhecimento humano acarreta, não só é ter a noção que não se sabe tudo - como Pitágoras parafraseou Sócrates - mas saber que saber ou não saber tudo pode levar a destinos diferentes.

Por um lado pode parecer niilismo ou cepticismo epistemológico. Por outro lado ao reduzires o significado e propósito da vida humana às suas qualidades mais estáveis, fluidas, naturais e menos compadecedoras (não defendendo o hedonismo), o caminho de menor sofrimento parece o de não saberes que sabes, ser o melhor que podes saber.

Com isto quero salientar que difere do fenómeno do "ignorance is bliss" pelo simples facto de não seres ignorante acerca da possibilidade do porquê da melhor decisão poder ser a consciente opção da ignorância do saber.

epistemológico

"epistemologia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/epistemologia [consultado em 21-01-2020].
epistemológico

"epistemologia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/epistemologia [consultado em 21-01-2020].
epistemológico

"epistemologia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/epistemologia [consultado em 21-01-2020].

Tuesday 14 January 2020

V

Once you understand why and how worthy and valid every path of every individual is, you can either be consumed by immeasurable compassion, or immeasurable despair.

Equating all individuals and their deeds, fears, passions, ideals and personal realities (within their own differences) to something worthy of existing in this world and space-time feels extremely liberating, but can also feel existentially meaningless as we shed away our perceptions of categories, hierarchies and belonging. 

The balance is found in cherishing your individual uniqueness, as you're also simultaneously equal to everything.

"cogito ergo sum"

Quando é que começámos a equivaler a nossa identidade com a nossa mente, em vez de com todo o nosso organismo? Muitos indivíduos concebem-se agora como egos isolados existindo dentro dos seus corpos. A mente tem sido separada do corpo e caracterizada pela fútil tarefa de o controlar, assim se causando um conflito aparente entre a vontade consciente e os instintos involuntários.

Cada indivíduo tem sido cada vez mais cindido num grande número de categorias separadas, cisões essas comprometidas em conflitos intermináveis, geradores de contínua confusão metafísica e frustração.

Esta fragmentação interior espelha a nossa perspectiva do mundo exterior, visto como uma multiplicidade de objectos e acontecimentos separados.

O mundo é encarado como se tratasse de partes separadas a ser exploradas por diferentes grupos de interesses. Esta visão fragmentada estende-se à sociedade, dividida em diferentes nações, raças, religiões e grupos políticos.

A convicção de que todos estes fragmentos - em nós próprios, no nosso meio ambiente e na nossa sociedade - estão de facto separados pode ser tomada como a razão fundamental para as presentes crises sociais, financeiras, ecológicas e culturais.


Tem-nos afastado da natureza e dos seres humanos, nossos semelhantes.




Excerto adaptado de Fritjof Capra.

magia

Há uns dias li um exemplo que me deixou a pensar no que realmente consideramos como realidade absoluta e na importância da percepção humana.

Imagina poderes mover um objecto ou escrever um texto com a mente, basta imaginares, e as palavras aparecem à tua frente, ou num papel. Seria incrível. Seria mágico.

Porque é que escrever com os teus dedos numa placa lisa de um dispositivo pequenino 115x56x15 mm e em segundos imprimir o texto em papel - basicamente utilizar um meio que construímos e integrámos como hábito na nossa realidade, é menos mágico?

Porque esta seria exactamente a definição de magia há uns 200 anos atrás.

Sunday 12 January 2020

Convergência

Um dos meus eu quis escrever sobre ele mesmo e a convergência desses vários eu em mim. Difícil de assimilar mas tentarei usar uma linguagem clara; Não é que eu tenha um distúrbio qualquer de múltiplas personalidades, muito pelo contrário acredito que é puramente humano conhecermo-nos no que toca a saber que existe uma (uma? Duas, três?) parte de nós capaz de fazer tal coisa e desejar tal coisa, e ser também capaz de fazer e desejar o oposto - quase como um alter-ego.
Tantas vezes dei por mim (daremos por nós?) a agir como a pessoa que sou e, de um momento para o outro, vejo as minhas atitudes como reflexões do que mais poderia odiar em alguém, ou ajo como nunca pensaria agir. Faço o que nunca seria capaz de fazer. Penso o que nunca me atreveria a pensar.
Também entra aqui o famoso 'Uma parte de mim querer fazer isto mas uma outra parte não.', 'Gostava mesmo de fazer isto mas algo me diz para não o fazer.' ou 'Estava prestes a fazer isto, mas controlei-me.'
O humano em conflito consigo mesmo, a indecisão, prefiro acreditar que tudo isto é consequência de uma acumulação de desejos ou ideias pendentes ou íntimas que nos agradaram, mas que acabámos por rejeitar.
No fundo, acredito que um alter-ego não é nada mais, nada menos do que próprias demonstrações de cansaço, cansaço deste controlo extremo a que expomos a vida. Já é hábito. Este alter-ego, esta outra personalidade é uma imagem idealizada nossa, capaz de realizar os nossos profundos desejos e interesses, coisa de que nos deprivamos na consciência de um "eu normal".
Isto acontece porque toda a tua vida deprivaste-te disto e daquilo, porque colocaste valores morais ou éticos ou desejos de outrem acima da tua própria consciência. Não te vês capaz de arriscar, então procuras a calmia e o controlo na vida. Mas o fruto proibido é sempre o mais apetecido. Então não tardará muito para que esses múltiplos indivíduos, consciências instáveis, se rebelem uma vez mais, cada um para seu lado, mas que no fundo, acabam por convergir numa só pessoa.


suspiros do meu antigo blog, theblueskynoise, 2013

III Falar

Quando ficamos alguns momentos sem abrir a boca, sentes que fica um silêncio constrangedor? 

Nem por isso. Porque haveria de ficar? Por muito que goste de te ouvir falar, quando não há nada para dizer, valorizo ainda mais o silêncio!
Porque se não estivesse em silêncio,  estaria a tagarelar. Porque também nunca tenho muito que falar.
Sim, a maioria das vezes que abro a boca é para tagarelar. Não falar, tagarelar! Coisa mais ingenuamente irritante. 
As conversas mais superficiais que não interessam a ninguém. A tagarelar as coisas mais simples, simpáticas e saudáveis, hábito este que qualquer ser humano já adoptou. A inocente conversa de ocasião! Sem propósito e em alguns casos sem nexo. Aquelas conversas que felizmente podemos ter sem puxar muito pelo cérebro e ninguém nos julga por isso! Tagarelar. Coisas tão fúteis ou idiotas que te fazem arrepender de ter aberto a boca na próxima vez que pensares nisso. Isso é que é tagarelice!
Por isso acho uma estupidez achar constrangedor o silêncio. Traz uma grande harmonia...
Se não há nada que falar, cala-te. Mas se achas o silêncio incomodativo, sempre podes tagarelar. Não só ajuda a passar o tempo como a exercitar a língua...
 
E ainda bem que me falaste nisto.

I

Costumava preocupar-me demasiado com o futuro
Agora preocupo-me em preocupar-me
Com as pessoas que amo
E pelo que luto no presente.
Porque prefiro viver na mais nítida das paisagens,
A observar a beleza e o suspense da tela branca do amanhã
Do que viver num incompleto esboço
De uma árvore morta, à espera que lhe pintem umas folhas ou flores...

II

Após um ano, aqui estou eu. Lembrei-me que isto existia.
E pelos vistos continuo na mesma crise existencial em que estava na última vez que postei alguma coisa, ou pior.

Um excerto do que escrevi há dias no meu pseudo-diário/caderno-sem-nexo:

Quanto mais velha estou, cada vez compreendo mais que afinal nada compreendia da vida.
É algo quase palpável, e um sentimento relativamente recente, por acaso.
Finalmente consigo compreender todas estas "fases", como a minha mãe lhes chamava, por que passei, e compreender e identificar-me com os que por elas estão a passar agora. Consigo compreender o quão parvas, fúteis e inúteis foram algumas das minhas atitudes e acções. Ridículas e dispensáveis, que raio de mentalidade tinha eu? - Tal e qual como quando levamos as mãos à testa por nos lembrarmos de momentos embaraçosos - E eu que pensava que tinha cabecinha na altura.

Tanta coisa que está a ganhar sentido.

Fuga

Uma nova etapa a recomeçar, provavelmente será inevitável cortar relações com todos os meus círculos e recomeçar do zero, como recomeço sempre, tornou-se um ciclo vicioso.
Fugir de tudo o que construí, como fujo sempre. Arranjar novos vícios, novas tristezas, novas ambições, novos amores, apenas para me fartar novamente, relembrar novamente, e recomeçar novamente.





suspiros do meu antigo blog, theblueskynoise, 2013

Senhor Caos

Alguns de nós gostam de atrair o Caos, gostam tanto que querem-no só para si. Não partilharão com mais ninguém. Quando a vida parece feliz e fácil demais, não tardará muito para que o voltemos a chamar, melhor amigo pontual, para que faça as honras de a arruinar, de a virar completamente às avessas porque já sentíamos saudades das dores psicológicas de estômago, as nostálgicas insónias e de dormir com rolos de papel higiénico na cabeceira. Vontade de partir o coração de alguém, vontade de desiludir a família, vontade de enojar estranhos.
Eu pessoalmente adoro, adoro especialmente massacrar-me durante a noite, naqueles minutos antes de adormecer, que se transformam em horas e lágrimas. Relembrar-me da última vez que chamei o nosso amigo para maltratar alguém ou algo do género, simplesmente adoro.

Mas o mais divertido disto tudo, com certeza é o histórico de atitudes, hábitos e teimas que ganhamos. Que se vão aglomerando na nossa personalidade, a um ponto que finalmente (e felizmente!) já não conseguimos ter lá muitos momentos felizes na vida, porque assim é que se está bem, que eu cá não gosto de facilidades, sempre adorei desafios.

(2013)

Ela

Desumana capacidade e desapego emocional e percepção de outrem.
Uma ridícula falta de ética e consideração.
Sicofanta e manipuladora.
Ambição desmedida e narcisismo.
A única coisa que a deixa mais infeliz do que perder todas as pessoas que lhe são queridas é falhar e não ter o que quer.

Ou é nisto que ela quer que eu acredite.







suspiros do meu antigo blog, theblueskynoise, 2015

IV - A ode a mim.

Posso?
Mostrar-te o quão efémera a tua vida não é
Mostrar-te as consequências que estão anos longe.
Vem
Deixa-me abraçar-te
Nunca ninguém te quis como tu
Então não existe outro amor.
Sai
Até de ti te fartas
Não consigo mais viver aqui dentro
Preciso de sair daqui
Mas a consciência é imovível.
Vem
Podes voltar
Vamos arranjar outra maneira
Arranjar maneira de querer arranjar maneira
Perdi vista do horizonte
Perdi vista de mim
Quero voltar
Quero tanto
when you’re genuinely better off alone,
being social
having lots of influence
being free
having no emotional compromises
only working on yourself,

than breaking hearts
regretting your harsh words
regretting your lack of affection
regretting who you truly are and what you cannot possibly ever offer  to others
maybe I wasn’t really made to date
my heart is supposed to belong the the whole world,
to cherish the collective unconscious and conscious

new winds are coming.

Não existe nada além da cortina

Ensina-me o que é o apego
Ensina-me o que é a traição
Porque sinto falta de um tanto de emoção.

Se a vida é sofrimento então não faço mal em apenas sonha-la. Observar o mundo a correr em vez de correr com ele.
Porquê buscar prazeres efémeros se tenho esta imaginação intemporal?
Porquê comprometer com dualidades quando os teus olhos já viram a singularidade excepcional do mundo?

Se me entretenho com as superficialidades sinto-me ignorante. Se apostar nas profundezas sinto-me cada vez mais distante e anormal.
As horas passam e o meu envolvimento com a realidade é cada vez menos apetecido. É como se a vida tivesse ganho novas sombras de absurdo e o seu conceito como consciência colectiva está fora de moda, e de sentido.


Quando é que esta doença solipsista se tornou tão confortável?


suspiros do meu antigo blog, theblueskynoise, 2013.