Quando é que começámos a equivaler a nossa identidade com a nossa mente, em vez de com todo o nosso organismo? Muitos indivíduos concebem-se agora como egos isolados existindo dentro dos seus corpos. A mente tem sido separada do corpo e caracterizada pela fútil tarefa de o controlar, assim se causando um conflito aparente entre a vontade consciente e os instintos involuntários.
Cada indivíduo tem sido cada vez mais cindido num grande número de categorias separadas, cisões essas comprometidas em conflitos intermináveis, geradores de contínua confusão metafísica e frustração.
Esta fragmentação interior espelha a nossa perspectiva do mundo exterior, visto como uma multiplicidade de objectos e acontecimentos separados.
O mundo é encarado como se tratasse de partes separadas a ser exploradas por diferentes grupos de interesses. Esta visão fragmentada estende-se à sociedade, dividida em diferentes nações, raças, religiões e grupos políticos.
A convicção de que todos estes fragmentos - em nós próprios, no nosso meio ambiente e na nossa sociedade - estão de facto separados pode ser tomada como a razão fundamental para as presentes crises sociais, financeiras, ecológicas e culturais.
Tem-nos afastado da natureza e dos seres humanos, nossos semelhantes.
Excerto adaptado de Fritjof Capra.
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